Foste vítima de Violência Obstétrica?

Responde às questões do inquérito abaixo, para avaliar se foste vítima de Violência Obstétrica. A seguir ao inquérito, encontras descrição de como poderás efectuar uma denúncia e/ou reclamação.

Enquanto estavas em trabalho de parto e internada no hospital ou clínica:

1 – Os profissionais de saúde fizeram comentários irónicos e/ou depreciativos sobre o teu comportamento?

2 – Trataram-te com alcunhas ou diminutivos (mamã, gordinha, mariquinhas) infantilizando-te como se fosses incapaz de compreender o processo pelo qual estavas a passar?

3 – Foste criticada por chorar ou gritar de dor?

4 – Foram realizados um ou mais dos seguintes procedimentos sem o teu consentimento e/ou sem te explicarem a necessidades dos mesmos?

Indicação para permanecer deitada

Rotura artificial da bolsa

Administração de oxitocina artificial para acelerar o parto

Toques vaginais feitos por várias pessoas

Compressão do abdómen no momento da expulsão

Episiotomia

Cesariana

Raspagem do útero sem anestesia

Outros procedimentos

5 – Em algum momento te obrigaram a estar deitada de barriga para cima sem razão aparente, quando manifestaste incómodo nessa posição?

6 – Sentiste que foi difícil manifestar os teus receios/inquietações porque não te respondiam ou se o faziam era de má vontade?

7 – Impediram a entrada ou permanência do teu acompanhante?

8 – Impediram-te de teres contato com o teu bebé à nascença sem uma explicação razoável?

9 – Depois do parto, sentiste que não tinhas estado à altura do que era esperado de ti, ou que não tinhas “colaborado”?

10 – Dirias que a tua experiência e cuidados recebidos (ou não) durante o parto te fizeram sentir vulnerável, culpada e insegura?

Se respondeste que sim a qualquer uma destas perguntas, podes ter sido vítima de Violência Obstétrica. Consulta este documento para saber o que podes fazer e descarrega esta minuta para requeres o teu processo clínico, caso seja necessária, de acordo com o indicado no documento anterior. Podes também ir a Birth Advisor  partilhar a tua avaliação do serviço de assistência ao parto que te foi prestado e assim ajudar outras famílias nas suas escolhas.

Violência Obstétrica é a violência institucional exercida sobre as mulheres no contexto da assistência à gravidez, parto e pós-parto. Inclui: recusa de tratamento, negligência em relação às necessidades e dor da mulher, humilhações verbais, violência física, práticas invasivas, uso desnecessário de medicação, intervenções médicas forçadas e não consentidas, desumanização ou tratamento rude.

A Organização Mundial de Saúde declarou recentemente:

“Num parto normal, deverá haver uma razão válida para interferir com o processo natural em curso. O objectivo dos cuidados é assegurar a saúde da mãe e do bebé com o mínimo nível possível de intervenção compatível com a segurança.”

Práticas que devem ser abolidas (num parto normal), de acordo com a Organização Mundial de Saúde:

Rapar os pelos púbicos

Aplicação de clister para esvaziar os intestinos

Monitorização fetal electrónica

Impedir a mulher de comer ou beber

Dizer à mulher que sustenha a respiração e faça força, durante a segunda fase do parto (em vez de deixar ao critério da mulher)

Alargar ou interferir com a entrada da vagina quando o bebé está a nascer

Episiotomia

Levar o bebé para longe da mãe, depois do nascimento

Obrigar a mulher a deitar-se de costas durante o parto ou nascimento

[Traduzido do artigo Violence Against Women, na entrada acerca de Obstetric Violence, Wikipedia]

Consulta aqui a declaração da OMS acerca da Prevenção e eliminação de abusos, desrespeito e maus-tratos durante o parto em instituições de saúde

 

15 thoughts on “Foste vítima de Violência Obstétrica?

    1. Diana, lamentamos saber isso. Estamos a trabalhar para que situações de violência obstétrica deixem de acontecer. Alguma coisa de que necessite, não hesite em contactar. Abraço. A equipa da APDMGP

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  1. Lendo estes pontos … infelizmente vejo que fui vitima de Violência Obstétrica e ainda á pouco li um testemunho no qual me identifico, pois estou grávida e desde algum tempo para cá estou mais preocupada com o parto do que com o resto da gravidez, por ter sido tão doloroso, tão traumático.

    Não falo apenas por mim mas por todas as mamãs e grávidas Portuguesas .. Um muito obrigada pelo vosso trabalho e empenho neste grande problema que infelizmente nenhuma de nós deveria passar por ser supostamente ”um dos dias mais felizes da nossa vida”.

    muito obrigada

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    1. Obrigada, Sara, pelas palavras de reconhecimento e incentivo em relação ao trabalho da APDMGP. Estamos à disposição, caso sinta que podemos de alguma forma ajudá-la e desejamos-lhe uma gravidez e parto serenos e respeitados. Caso queira fazer-se sócia ou de alguma outra forma participar do trabalho da APDMGP, veja como poderá fazê-lo em http://www.associacaogravidezeparto.pt/

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  2. Muito obrigado por existirem e parabéns pelo vosso trabalho. Vivi por duas vezes algumas das situações acima escritas. Da primeira vez indusiram o parto e depois teve de ser cesariana, na segunda gravidez fui com a cesariana marcada e um médico que nunca me tinha visto e uma enfermeira que só quer subir na vida decidiram provocar o parto. O que é serto é que fiquei sozinha num quarto e o meu marido na sala de espera.
    Quando as aguas rebentaram ainda fui gozada pela mesma enfermeira. Quando fui transferida para o quarto de partos e a médica anestesista chegou ( que para minha sorte tinha sido ela a me atender na consulta de anestesia ) e ja nao me deixou sozinha e ficou comigo ate ao fim. Mas por culpa desse médico eu tive de levar anestesia geral ( nao vi o meu bebe a nascer) e o meu lindo bebé teve de ser reanimado. Ele nasceu em 13 min. Nao acho normal e nao desejo nada disto a nenhuma mulher. O nascimento dos nossos filhos deve e tem de ser o melhor momento da nossa vida.
    Mais uma vez parabéns pelo vosso trabalho. Assim sabemos que nao estamos sozinhas.

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  3. Boa tarde

    Não tenho dúvidas de que fui vitima de violência obstetrícia!!!!!! tive uma gravidez maravilhosa que teve um desfecho triste, apesar o meu filho ter nascido bem e sem nenhum problema. O parto foi muito violento fui manda calar aos gritos, porque era ” fraquinha e má parideira”, sofri muito mesmo com epidural, pois estiveram em cima de mim e pensei sempre que ia morrer, de tanta força que fizeram. Acelaram o parto, mesmo sabendo que tinha um prolapso na valvula mitral, o meu coração quando administraram a medicação ficou a bater a mil, mas o parteiro disse para respirar fundo que passava.Fizeram-me o toque mesmo antes da epidural ter feito efeito. Não me deixaram fazer tudo o que tinha aprendido nas aulas de preparação para o parto e o meu filho nasceu depois de duas tentativas de ventosa, nasceu a pás, algo que no meu entender nunca deveria ter sucedido, e só sucedeu porque o parteiro que fez todo este trabalho era desumano, pois o meu filho deveria ter nascido de cesariana. Não desejo isto a ninguém e a única coisa que compensa tudo isto é ter um marido maravilhoso que me apoiou, mas que ainda hoje está traumatizado com o parto, assim como um filho maravilhoso. Ninguém deveria passar por isto em pleno século XXI. Obrigada pelo vosso trabalho e pelo apoio e pelas vossas palavras.

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  4. É considerado violência obstétrica quando o bebê sai da mãe e lhe é retirado sem ter contacto pele a pele mas estando o bebê ao lado da mãe para ser limpo e posto no quente e só passado uma hora ter o bebê não braços? E nesse período de tempo o bebê não ter mamado na mama da mãe e sim terem lhe dado suplemento sem pedir autorização e ou informar a mãe de tal situação?

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  5. Sinto me vítima de violência obstétrica, revejo me em muitos pontos dos acima mencionados e ainda hoje, passado 3 meses me encontro em terapia para tentar voltar a normalidade.
    O parto foi de uma violência tremenda, Q me tirou qualquer vontade de voltar a ser mãe e eu Q sempre disse Q N daria a um filho a tristeza de ser filho único!
    E no final, ainda me foi dito Q a culpa foi minha, Q tenho tecidos de má qualidade!!!
    Como se isso justificasse o uso de fórceps, ventosas (entre muitas outras coisas) e tudo pq a médica se esqueceu que nas ecografias o bebê estava de cara para cima, o Q impossibilita um parto natural e Q mesmo depois de saber do erro continuou o “excelente trabalho”, colocando em risco a minha vida e do meu filho.
    Neste século já ninguém
    deveria ter Q passar por uma violência destas.
    Hoje, so me preocupo em voltar a
    ser eu e poder desfrutar do meu filho e do meu marido.
    Continuem o bom trabalho e obrigada por apoiarem esta causa tão negligenciada.

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  6. Infelizmente também tive uma experiência bastante dolorosa no parto.. Foi induzido as 41 semanas e 2 dias mas infelizmente nada pegava.. O meu corpo e bebe não pareciam querer sair.. Fizeram me vezes sem conta os toques dolorosos e nada.. Inclusive pedi que parasse porque me estava a doer muito e nem por me ver aos gritos a pedir para parar ele parou.. Senti me quase que violada a frente do meu marido 😦 foi tão ma a experiência que nem consigo ir ao ginecologista neste momento.. Quero pensar em ter outro filho mas estou tão ansiosa com o parto que gostava de saber que opções tenho.. Uma delas sei que e cesariana no privado.. Mas cesariana tem outros aspetos negativos de que falam.. Portanto estou sem saber o que fazer .. Obrigada por lutarem por causas como a minha.. E triste

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  7. Foi a 8 de Julho 2015 na Maternidade Bissaya Barreto!!! Entrei a 7 de Julho e o meu filho nasceu a 8 de Julho por volta da 13.00 foram 30 horas de trabalho de parto mais coisa menos coisa!! A ser constantemente mexida é invadida por várias mãos e vários turnos !!! Fizeram me a tal manobra dos cotovelos nas costelas o meu companheiro teve de sair apesar de não querer!!! Fizeram me sentir culpada porque segundo anormal da Médica se é que se lhe pode chamar assim não estava a fazer força no sítio certo é assim tinha de ir pescar o bebe!!! Depois de tudo isto o bebe foi tirado a ventosas!!! Rasgaram o quanto quiseram tive algum tempo a ser cosida!! Fiquei com incontinência urinária!! O bebe nasceu com displasia do ombro e bradicardiA! A cardiologista pediátrica teve de se deslocar a maternidade para observar o meu filho! Tivemos de ir a uma consulta tempos depois! Graças a Deus tudo regularizou! Em relação ao ombro andou a ser acompanhado no hospital Garcia da horta por uma fisioterapeuta! Está a melhorar! Eu fiquei com um trauma para toda a vida perdi o cabelo todo na parte da frente ou seja fiquei lindíssima como devem calcular é só agora um ano depois voltou ao normal!! Desculpem o testamento mas quero mesmo deixar este testemunho para que mais ninguém passe o que eu passei!!! Não fizeram cesariana por causa dos custo que isso implica e puseram me em rico a mim e ao bebê!!! Maternidade Bissaya Barreto dia 8 de Julho 2015!!! devia ser uma memória linda e não um trauma para toda a vida!! Anabela Rato

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    1. Levaram-me para uma sala do 2 piso com os estagiários, mandaram-me subir para uma marquesa típica de por os pés enorme, sem me ajudarem, eles eram 10, fizeram-me um toque horrível viraram costas e deixaram-me sozinha a deitar sangue!! Saí de lá sozinha, e quase a desmaiar quando vi tanto sangue….isto em 17 horas foi uma introdução….no instituto maternal bissaya barreto!!!! Coimbra!

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  8. Passei por tudo isso tenho trauma até hoje , e por isso q nunca mais quero ter filhos .. medo
    E fora a dizerem q na hora q tava a fazer o amor n reclamei q então teria de m aguentar ali , eu farta de fazer força e dizerem q eu n estava a colaborar e subir montes de gente encima de mim com os braços a apertarem minha barriga .. tenho medo espero nunca mais engravidar 😖😖😖

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  9. Ola sou mãe de primeira viagem e sofri com algumas enfermeiras. O meu parto foi provocado por causa da minha saúde e tive dois dias no hospital enternada, no primeiro dia havia uma enfermeira que não me deixava fazer nada sem ser estar deitada desconfortável, eu pedia pra ir ao WC e ela era a única que recusava deixar me, ao tirar me sangue para analises não fez um bom trabalho e fiquei a largar sangue. No dia seguinte uma enfermeira chegou para fazer o toque e forçou e rebentou me as aguas sem me avisar. O meu parto correu bem e rápido tive sorte mas no momento de me darem os pontos a parteira queria cozer me a sangue frio tive de a impedir e exigir anestecia local.

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